Numa iniciativa inédita em Portugal, o IPDAL e a Câmara Municipal de Mafra reuniram algumas das mais influentes personalidades e organizações mundiais para debater a importância da diplomacia da paz e da prevenção de conflitos.
O Secretário de Estado da Vaticano foi o convidado de honra do I «Mafra Dialogues – Diálogos Estratégicos para a Diplomacia da Paz», uma iniciativa que contou com o apoio da Embaixada da Suíça, em Portugal. Na sua mensagem vídeo, o Cardeal Pietro Parolin defendeu uma “abordagem centrada na humanidade que reconheça a dignidade preciosa e inviolável de toda a vida e portanto, a necessidade de respeitar os direitos humanos e as liberdades fundamentais”, recordando os compromissos do Papa Francisco “na busca de uma renovação do diálogo, especialmente nos níveis intercultural, inter-religioso e entre fés”.
As Nações Unidas estiveram representadas pelo Secretário-Geral Assistente para os Assuntos Políticos e Operações de Paz Miroslav Jenca, que explicou de que maneira a ONU está a implementar a prevenção de conflitos e a fomentar a participação de mulheres e jovens nos processos de paz.
Tendo contado com alguns dos mais prestigiados think tanks e organismos internacionais dedicados à mediação de conflitos e à resiliência dos Estados – tais como a Amnistia Internacional, o Stockholm International Peace Research Institute, a Comunidade de Sant’Egidio, o Geneva Center for Security Sector Governance, o Centro Internacional de Toledo para la Paz ou o Institute for Economics and Peace – a primeira edição do «Mafra Dialogues» privilegiou ainda o pensamento português, com nomes como os de Jorge Moreira da Silva, Diretor da OCDE para a Cooperação e Desenvolvimento, Mónica Ferro, Diretora do Escritório de Genebra do Fundo das Nações Unidas para as Populações, e Felipe Pathé Duarte, professor e investigador da Nova School of Law.
No primeiro dia foi ainda analisada o processo de paz em Moçambique, bem como a instabilidade em Cabo Delgado, contando o painel com o contributo de Mirko Manzoni, enviado pessoal do Secretário-Geral das Nações Unidas no país, de Angelo Romano, mediador da paz da Comunidade de Sant’Egidio, e de Felipe Pathé Duarte buscando assim examinar o que o professor universitário e investigador caracterizou como um “cenário que apresenta mais dúvidas do que certezas”.
Os recentes desenvolvimentos na Colômbia foram abordados noutro painél, através das participações do conselheiro especial do Presidente da República da Colômbia para a estabilização e consolidação, Emilio Archila, do analista sénior do Real Instituto Elcano, Carlos Malamud, e do Diretor do Centro Internacional de Toledo para a Paz, Emilio Cassinello. Por fim, o encerramento do primeiro dia foi protagonizado pelo Francis M. Kai-Kai, Ministro do Planeamento e Desenvolvimento Económico da Serra Leoa e presidente pro-tempore do g7+.
No segundo dia destacou-se ainda a discussão sobre o papel do setor da segurança na resiliência do Estados, contando com os contributos de Florentina Ukonga, Secretária-Executiva da Comissão do Golfo da Guiné, de Anne Bennett, do Geneva Center for Security Sector Governance e de Nils Muižnieks, diretor para a Europa da Amnistia Internacional.
O Encerramento da iniciativa consistiu num diálogo com o Ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, com o ex-Presidente de Timor-Leste Xanana Gusmão e a Diretora-Geral de Política Externa de Portugal, Madalena Fischer.
O IPDAL distribuiu nesta ocasião um relatório sobre Prevenção de Conflitos e Construção da Paz e irá publicar em breve um policy paper com as principais conclusões e propostas apresentadas pelos oradores.
A iniciativa decorreu nos dias 18 e 19 de maio, no Palácio Nacional de Mafra e em formato online.